Aproveito a manhã de mais um dia cinzento em Lima, para aparecer por aqui. Pelo menos nessa época do ano, é assim. Um dia nublado, outro também. Em alguns momentos, as nuvens se abrem e aparece o sol forte com céu azul, esquentando a temperatura estranhamente baixa para uma cidade litorânea e tão próxima da Linha do Equador.
Estou hospedado em um albergue em Miraflores, que é um distrito que corresponderia a Ipanema e Leblon, no Rio. Segurança, policiais por todo lado, ruas limpíssimas, prédios luxuosos e uma sensação de que nem se está no Peru, não fosse o barulho constante das buzinas. Aliás, acho que essa é a principal marca da cidade. Como buzinam por tudo esses motoristas, principalmente os taxistas. O trânsito louco faz o Rio parecer a Suíça de tão organizado.
O bairro de Miraflores (foto lá no topo) e o vizinho Barranco ficam debruçados em penhascos sobre o mar, formando um cenário incrível. As praias, no entanto, deixam a desejar. Na maior parte, não há areia, só pedrinhas, e a água, gelada, marrom e poluída. O litoral limenho só é bom mesmo para quem quer surfar, com ondas enormes e perfeitas.
O sistema de transporte público, como não podia deixar de ser, é caótico, com ônibus grandes fazendo lotações e disputando passageiros com vans, aos gritos dos cobradores pendurados nas portas. A exceção é o BRT, que chamam de Metropolitano. Os ônibus articulados e bem novos são o metrô de superfície limenho. Peguei para ir de Miraflores ao Centro e voltei por volta das 18h, com espaço de sobra, mas é claro que não são todas as linhas que funcionam assim.
O centro histórico de Lima é bem bonito e, como em Cusco ou Arequipa, apresenta enormes construções coloniais bem preservadas ao redor da praça principal, em quase todas as cidades da América espanhola chamada de Plaza de Armas. Saindo da parte histórica, a bagunça e confusão tomam conta do centro.
Em contraste com o tumulto de Lima que enfrento agora, passei uns dias antes na calmaria de Huacachina, uma vila no meio de dunas gigantes no deserto (foto acima). O lugar fica a uns 300 quilômetros ao sul de Lima e foi minha principal parada de Arequipa até aqui. As atrações locais, claro, são passeio de bugre pelas montanhas de areia e sandboarding.
Abraços e até a próxima!
quinta-feira, 19 de abril de 2012
terça-feira, 10 de abril de 2012
Vulcões, história e boa comida em Arequipa
Salve queridos amigos-leitores,
Após uma semana em Arequipa, no Peru, arranjei um tempinho para dar notícias daqui. Bom, estou vivo depois de uma experiência bastante radical que não pretendo repetir nesta vida. Subi o vulcão El Misti, que tem 5.800 metros de altura sem estar devidamente ambientado com a altitude nem com o preparo físico requerido. Sofri bastante com o frio e com os sintomas do ar rarefeito, mas agora que passou já começo a achar graça.
A foto aí em cima é do grande momento da chegada ao cume. Ufa! Foram dois dias de um esforço descomunal, com uma noite em barraca a uma temperatura de cinco graus negativos, para sair dos 3 mil metros acima do nível do mar e chegar ao topo. Tudo isso para ficar uma hora lá em cima, enjoado e com uma dor de cabeça de matar. Ou seja, uma ideia de jerico.
Mas não é só de sacrifícios essa vida de viajante. Tenho passado dias muito agradáveis nessa cidade para lá de aprazível. Arequipa foi fundada em 1540 e ainda guarda um centro histórico muito bem conservado, mantendo a alma de uma cidade de verdade. Não é como Cuzco, por exemplo, que também mantém sua arquitetura colonial preservada, mas parece meio Disney, só com turistas nas ruas ou com quem venda ou tente vender algo para eles.
Aqui os peruanos comuns trabalham, vão ao banco, ao fórum, almoçam nos restaurantes. Um clima que tem me atraído bastante. Além da atmosfera arequipenha, a boa comida, a preços módicos, é outro atrativo. Ceviches irresistíveis ou mesmo uma simples refeição popular com frango assado têm me segurado, a cada vez, mais um dia nesta cidade.
No lado histórico-cultural, gostei muito de visitar o Monastério Santa Catalina, inaugurado no século XVI, para receber as mulheres que ficavam enclausuradas para se tornarem freiras. As construções foram ampliadas ao longo dos séculos e reformadas após os diversos terremotos que atingiram Arequipa. Outro atrativo bem interessante é o Museu Andino, que mostra incríveis achados arqueológicos dos Incas na região.
Agora, penso em seguir em direção a Lima pela estrada mais próxima ao litoral, que é o caminho mais curto e estou um pouco cansado de pegar frio nos Andes. É isso, pessoal. Até o próximo post. Abaixo seguem algumas fotos da cidade.
Vulcão El Misti ao fundo, vigiando Arequipa.
A Plaza de Armas, vista da torre da catedral.
O popular Mercado San Camilo.
Abraços,
Claudio.
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Depois de longas férias, volto a dar notícias...
Depois de um tempo sumido do blog, volto com muito atraso para dar notícias a quem anda preocupado ou curioso de como andam as coisas. Bom, para começar, estou em Iquique, no norte do Chile, desde sexta-feira, para consertar a moto. Em terras estrangeiras, além do Chile, já passei pelo Paraguai e Argentina.
Na Argentina, curti bastante o norte do país, que ainda não conhecia. O lado negativo foram os custos. Fiquei impressionado como a Argentina está cara. Desde a última vez que estive lá, há uns dois anos, os preços dobraram e estão iguais aos do Brasil. A gasolina é muitas vezes mais cara do que no Brasil. O combustível também está com valores semelhantes no Paraguai e no Chile.
Fiquei uns dias em Salta, que é uma das cidades de onde turistas (mochileiros na maioria) saem para fazer os passeios no lado argentino do altiplano, como chamam as terras que ficam no alto dos Andes. A região é de transição para o deserto, com lagoas coloridas e salares, que, ao meu ver, não fica devendo nada para o o altiplano boliviano.
Nesta época do ano, Salta tem chuva quase todos os dias porque as nuvens ficam presas nas montanhas, mas, quando se sobe os Andes e atravessa as nuvens, o céu fica azul, sem uma gota de chuva na secura total do altiplano. Depois de Salta ainda dormi em Pumamarca, um dos diversos "pueblos" andinos da região, e parti para o Chile, para San Pedro de Atacama, pelo Passo Jama, uma das diversas passagens de fronteira com a Argentina.
A chegada no lado chileno foi em San Pedro do Atacama. Aliás, São Pedro estava me perseguindo. Desde que saí do Brasil, não havia um dia em que eu pegasse estrada de moto e que não chovesse pelo menos em algum momento. E não foi diferente mesmo no Atacama, que é a região mais seca do mundo. É claro que foram só uns pinguinhos que nem chegaram a molhar direito, mas choveu. Agora parece que ele parou de me perseguir e água só no chuveiro.
Estou escrevendo de Iquique, um porto no Pacífico de águas azuis cercado pelo deserto. Depois de uns dias correndo atrás de peças para trocar o aro e o pneu traseiro da moto, saio daqui a pouco para percorrer mais uns 450 km e atravessar a fronteira com o Peru. Ah! Faltou falar do Paraguai. Mas também não vi muita coisa por lá e ainda fui roubado em US$ 50 por um policial que inventou que eu tinha passado um limite de velocidade em um lugar que ele nem sabia qual era. Ele me segurou na estrada, a uns 60 km da fronteira, e exigia dólares ostensivamente para me deixar seguir.
Abraços!
Assinar:
Postagens (Atom)