Queridos amigos-leitores,
Para minha frustração total, Evo Morales não me quer em seu país e minha moto foi barrada na fronteira. Logo minha primeira fronteira! Tudo isso aconteceu porque o funcionário da aduana (receita federal deles) de um posto de fronteira entre o Chile e a Bolívia não deu baixa na minha saída com a moto da Bolívia em 2006, quando cruzei as terras bolivianas rumo ao deserto do Atacama.
Quando um turista entra com o veículo em um país recebe um papelzinho de importação temporária, com validade de 30 dias em geral, que deve ser devolvido na saída. Eu devolvi o meu em 2006, mas o funcionário (que eu me lembro tinha sido acordado por mim logo ao amanhecer) não deu baixa no sistema ou jogou fora o tal documento. Então, a minha moto está cadastrada no sistema da receita boliviana como se tivesse ficado ilegalmente no país por esses seis anos.
Pela burocracia ou falta de lógica e bom senso, ou tudo isso junto, o funcionário da aduana aqui na fronteira com Corumbá disse que se minha moto entrar na Bolívia será apreendida. Passei ontem o dia todo explicando que, se eu já estava no Brasil, com o documento brasileiro de 2011, como poderia ter ficado todo esse tempo na Bolívia. O burocrata diz que no sistema minha saída está em aberto e que não há como mudar isso. "Ninguém pode mudar isso no sistema", diz ele.
Ontem, vim ao consulado da Bolívia em Corumbá, falei com o consulado brasileiro em Puerto Quijaro (a cidade do lado de lá da fronteira) e nada. Daqui a pouco, o encarregado de plantão do consulado brasileiro vai me encontrar lá na fronteira, mas já estou sem esperanças. Há um brasileiro que trabalha na cidade boliviana de Santa Cruz de La Sierra que está com o carro em situação parecida e está há três dias parado lá na fronteira sem conseguir entrar.
Após passar a noite pensando em um caminho alternativo para seguir viagem, decidi que vou descer para o sul e cruzar o Paraguai. Então, se daqui a pouco não conseguir entrar na Bolívia, sigo hoje mesmo até Bonito (MS), onde fico um dia para conhecer o lugar, e depois sigo para Ponta Porã, para cruzar a fronteira com Pedro Luís Cabalero, cidade em que os traficantes brasileiros costumam passar temporadas e até serem presos. De lá, atravesso o Paraguai e sigo para o norte da Argentina e Chile, para contornar a Bolívia.
A outra opção era ir até o Acre e cruzar a fronteira com o Peru, em Assis Brasil. Mas escolhi o caminho do Paraguai porque estou meio com preguiça de encarar 3 mil quilômetros de BRs mal conservadas, cheias de caminhões e ainda no período de chuvas da Amazônia. Dizem que chove o dia todo, todos os dias. E, de moto, chuva não é legal.
Até a próxima, espero eu, com notícias melhores!