sexta-feira, 29 de junho de 2012

Vulcões e histórias na Nicarágua


Olá pessoal,

Passei por três países sem escrever nada aqui no blog (desculpem se causei preocupações pelo sumiço a alguns dos valiosos cinco leitores) e já estou na Guatemala, que está se mostrando realmente incrível. Entre Nicarágua, Honduras e El Salvador, optei por conhecer melhor o primeiro e só atravessar os outros dois para ter mais tempo aqui.

A Nicarágua foi uma boa surpresa para mim. Além do cenário natural peculiar nas Ilhas Ometepes (foto acima), as conversas e histórias dos nicaraguenses valeram a visita. As ilhas são formadas por dois vulcões que emergem no meio do Lago Nicarágua. As circunferências delas são de cerca de 30 a 40 quilômetros e lá vive uma população rural, bastante hospitaleira. Os vulcões de cerca de 1,500 metros de altura acima do nível da água são cobertos por uma mata tropical bem preservada, cheia de macacos e pássaros. Um deles ainda está ativo e o outro tem um lago no que era a cratera.

As histórias dos nicaraguenses giram principalmente em torno das duas últimas guerras civis, que marcaram a história do país. A da década de 70 para acabar a ditadura Somoza e depois a dos Contras que tentavam derrubar o governo sandinista. Esta última foi da década de 1980 até o início dos anos 90 e quase todos os homens com mais de 35 anos tiveram alguma participação. A atmosfera no país, no entanto, não é triste por isso. Pelo contrário, a maioria parece bem animada com o presente e o futuro. Acho que o turismo crescente parece ajudar a economia do país a se recuperar.

Quanto a Honduras, passei somente 150 km para atravessar o país no menor caminho possível e a experiência não foi das melhores. O funcionário da fronteira me cobrou 35 dólares pela autorização de entrada da moto, que vale menos de 10 dólares e as estradas e construções do país parecem destruídas. El Salvador me pareceu em melhores condições financeiras, mas atravessei o país em uma tarde e uma manhã, sem ver quase nada além de estradas.

Na entrada da Guatemala, a moto (ela de novo!) me deu algumas dores de cabeça, com panes elétricas que queimaram três fusíveis em um dia - a minha velha companheira de guerra, XT 600, que tem 15 anos e mais de 160 mil km rodados, parece cansada, mas acho que aguenta até o fim. A sorte é que a pane final foi a alguns quarteirões de uma concessionária Yamaha, na capital do país (Cidade da Guatemala, conhecida como Guate), em que o gerente (grande Sérgio Mendes, que tem nome de cantor brasileiro) costuma ajudar os viajantes de moto. Resultado: fez uma revisão completa e não me cobrou absolutamente nada. Tudo de graça. E isso foi só uma mostra das boas-vindas que recebi por aqui. Agora começo a desbravar mais este país antes de partir para o México.

Abaixo seguem algumas fotos da Nicarágua:



Vista de Granada, cidade do século XVI que fica às margens do Lago Nicarágua



Transporte público na também histórica Léon, berço das revoluções nicaraguenses



Vista do vulcão ainda ativo das Ilhas Ometepes

Abraços,
Claudio.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Até parece que eu tô na Bahia...

Salve galera,
Até agora a Costa Rica foi o lugar mais parecido com o Brasil que encontrei em toda a viagem. Tanto do lado do Atlântico quanto do Pacífico, as praias daqui lembram bastante as nossas. Entrei no país pela estrada que beira a costa do Caribe e fiquei dois dias em Puerto Viejo de Talamanca, uma cidadezinha que bem poderia estar na Bahia, com seu ritmo lento, praias com águas quentes e uma mata tropical misturada a coqueiros na beira do mar (como nesta foto na praia de Manzanilla, a 10 km de lá). A diferença é o som o reggae que domina os ouvidos locais.

Já no lado do Pacífico, fui a Manuel Antonio, um conhecido parque nacional que tem montanhas verdes e praias de águas azuis, lembrando Florianópolis. Para completar a semelhança, as praias das cidades próximas são cheias de surfistas e as pranchas fazem parte do visual local. A conservação e a estrutura do parque são bem legais e caminhando pelas trilhas bem demarcadas se vê muitos animais que também são parecidos com os do Brasil, como esse macaco da foto abaixo. A Costa Rica tem uma experiência bem grande em ecoturismo e recebe hordas de estrangeiros para isso.



Chegando à capital, San José, não vi nada demais nessa organizada cidade, cheias de redes de fast food americanas e sem uma identidade marcante. Uma característica é que as ruas são todas nomeadas por números, mas não há placas com esses números e as pessoas da cidade também não os conhece. Os endereços são todos com referências de prédios conhecidos, como 100 metros ao sul do prédio do Banco da Costa Rica. Coisa de maluco.

Amanhã, saio bem cedo rumo à Nicarágua. Queria ter ido hoje, mas o mecânico demorou a trocar a roda da frente da moto e decidi sair só amanhã para não pegar noite na estrada. Isso mesmo, já é a segunda roda que tenho de trocar. Os aros de ambas estavam enferrujados e estavam furando as câmaras de ar dos pneus.

Ainda no Panamá, na sexta-feira passada, quando estava a caminho da Costa Rica, o pneu da frente furou duas vezes no mesmo dia. A segunda foi à noite no meio de uma área indígena, que não tinha borracheiro algum. Andei 10 km com o pneu vazio até parar em uma venda. Lá, tirei a roda para levar a um borracheiro no dia seguinte, na próxima cidade. Um americano que estava na venda e vive desde 1979 no lugar deixou eu passar a noite numa rede na varanda da casa sobre palafitas que está construindo no meio do mato (foto acima).

Problemas com a moto têm sido a parte mais desagradável da viagem. Já tive cinco pneus furados, duas panes elétricas durante as chuvas, uma corrente arrebentada e um sem-número de raios quebrados na roda traseira. Tomara que agora, com as duas rodas novas, a moto que já tem 15 anos de idade e mais de 160 mil km rodados pare de dar problemas.

Abraços,
Claudio.